domingo, novembro 28, 2010

Não se importem com o significado desse post



Eu sempre converso com as pessoas sobre duas autoras que eu realmente gosto – e, mais importante, admiro: Julie Powell e Stephenie Meyer. Claro, as duas não são azes das letras e nem, de longe, as melhores escritoras do mundo. Claro que não. Eu as admiro por serem pessoas comuns e atingirem seus objetivos. Pessoas comuns que tornaram-se escritoras, e eu respeito muito isso. Invejo até (aquela inveja boa, quase um desejo incontrolável).

Ninguém entende como ou porque eu invejo essas duas mulheres americanas com vidas tão diferentes da minha quanto a minha se comparada à uma criança cambojana. Entenda, não estou dizendo que a vida delas deva ser melhor do que a minha e que eu possuo uma vida melhor do que a de uma criança cambojana. Não tenho conhecimento suficiente sobre suas vidas para dizer isso e todos nós possuímos nossas, necessárias, parcelas de tragédias e alegrias para contarmos nossas histórias. Eu as invejo – ou admiro de uma forma preocupantemente obsessiva – porque o âmago de nossos desejos e vidas, todos nós (e isso inclui muitas outras pessoas no mundo) estávamos no mesmo estágio em nossas vidas: aquela época onde o tempo parece ter de atropelado sem deixar rastro qualquer da sua vida colado em seus pneus.

Todos nascemos para fazer alguma coisa. Isso é certo e universal. Todo ser humano nasce com algum talento ou inclinado para fazer alguma coisas, mesmo sem possuir qualquer talento para a tal coisa. A questão complicadora em toda essa história de talento e nascer para fazer alguma coisa é que nem todos conseguem atingir o objetivo que é fazer a tal coisa que se vê predestinado a realizar. Eu, definitivamente, me enquadro nesse grupo. Os predestinados perdidos em outras dimensões onde seu sonhos parecem tão distante que certas vezes é fácil simplesmente esquece-los.

Eu gosto do meu trabalho, realmente gosto de publicidade. Fui completamente pego de surpresa ao me ver trabalhando em uma agência de publicidade, mas a surpresa venho preparada, acompanhada pela paixão. Eu gosto. Atualmente não tanto quanto gostava antes, mas ainda gosto. Meu lado criativo encontra pouco respaldo no meu trabalho, mas o ambiente ainda é nutritivo. Mas a pergunta que eu me faço é: quanto tempo uma pessoa pode lutar contra os seus sonhos? Anos? Décadas?

Uma vida inteira?

Só o pensamento de manter-se longe dos meus sonhos por toda a minha vida, é suficiente para me deixar enjoado. Eu não conseguiria. Meu verdadeiro sonho é escrever, repetir o que estou fazendo agora, em uma tarde de domingo, com uma grande xícara de café ao lado do computador enquanto deixo meus pensamentos deslizarem pelo meu cérebro até a ponta dos meus dedos. Escrever é tudo e nada, na minha vida. É o paraíso em sua duração e o inferno em sua ausência.

Eu tenho escrito bastante nos últimos meses, em inúmeras tentativas (15 sem contarmos os arquivos deletados do computador) de escrever um livro, alguma coisa longa e sólida o suficiente para ser publicado. Para a minha inocência masoquista uma escritor só é verdadeiramente um escritor quando publicado, antes disso.... mas, escrever não é tão simples assim na maioria das vezes. Não ser você deseja escrever um livro. Um blog é tranquilo e ficou fácil com o passar dos anos. Posso admitir que gosto quando vocês leem meus posts e deixam qualquer comentário. É bom saber que alguém, por alguns segundos, mostrou interesse pela minha vida sem mesmo me conhecer. É bom e assustador ou assustadoramente bom.

Mas ter “a ideia” e cuidar da vida de outras pessoas é complicador. Ser dono do mundo não é tão legal quanto nós pensamos. Por enquanto eu estou dando um tempo nas milhares de tentativas de escrever alguma coisa publicável. Se “a ideia” aparecer eu iria agarra-la, mas até lá vou vivendo com meus sonhos e minhas admirações obsessivas por escritoras norte americanas com vidas completamente diferentes da minhas ou de qualquer criança cambojana que ainda não foi adotada por Angelina Joule ou Madonna.