Ninguém entende como ou porque eu invejo essas duas mulheres americanas com vidas tão diferentes da minha quanto a minha se comparada à uma criança cambojana. Entenda, não estou dizendo que a vida delas deva ser melhor do que a minha e que eu possuo uma vida melhor do que a de uma criança cambojana. Não tenho conhecimento suficiente sobre suas vidas para dizer isso e todos nós possuímos nossas, necessárias, parcelas de tragédias e alegrias para contarmos nossas histórias. Eu as invejo – ou admiro de uma forma preocupantemente obsessiva – porque o âmago de nossos desejos e vidas, todos nós (e isso inclui muitas outras pessoas no mundo) estávamos no mesmo estágio em nossas vidas: aquela época onde o tempo parece ter de atropelado sem deixar rastro qualquer da sua vida colado em seus pneus.
Todos nascemos para fazer alguma coisa. Isso é certo e universal. Todo ser humano nasce com algum talento ou inclinado para fazer alguma coisas, mesmo sem possuir qualquer talento para a tal coisa. A questão complicadora em toda essa história de talento e nascer para fazer alguma coisa é que nem todos conseguem atingir o objetivo que é fazer a tal coisa que se vê predestinado a realizar. Eu, definitivamente, me enquadro nesse grupo. Os predestinados perdidos em outras dimensões onde seu sonhos parecem tão distante que certas vezes é fácil simplesmente esquece-los.
Eu gosto do meu trabalho, realmente gosto de publicidade. Fui completamente pego de surpresa ao me ver trabalhando em uma agência de publicidade, mas a surpresa venho preparada, acompanhada pela paixão. Eu gosto. Atualmente não tanto quanto gostava antes, mas ainda gosto. Meu lado criativo encontra pouco respaldo no meu trabalho, mas o ambiente ainda é nutritivo. Mas a pergunta que eu me faço é: quanto tempo uma pessoa pode lutar contra os seus sonhos? Anos? Décadas?
Uma vida inteira?
Só o pensamento de manter-se longe dos meus sonhos por toda a minha vida, é suficiente para me deixar enjoado. Eu não conseguiria. Meu verdadeiro sonho é escrever, repetir o que estou fazendo agora, em uma tarde de domingo, com uma grande xícara de café ao lado do computador enquanto deixo meus pensamentos deslizarem pelo meu cérebro até a ponta dos meus dedos. Escrever é tudo e nada, na minha vida. É o paraíso em sua duração e o inferno em sua ausência.
Eu tenho escrito bastante nos últimos meses, em inúmeras tentativas (15 sem contarmos os arquivos deletados do computador) de escrever um livro, alguma coisa longa e sólida o suficiente para ser publicado. Para a minha inocência masoquista uma escritor só é verdadeiramente um escritor quando publicado, antes disso.... mas, escrever não é tão simples assim na maioria das vezes. Não ser você deseja escrever um livro. Um blog é tranquilo e ficou fácil com o passar dos anos. Posso admitir que gosto quando vocês leem meus posts e deixam qualquer comentário. É bom saber que alguém, por alguns segundos, mostrou interesse pela minha vida sem mesmo me conhecer. É bom e assustador ou assustadoramente bom.
Mas ter “a ideia” e cuidar da vida de outras pessoas é complicador. Ser dono do mundo não é tão legal quanto nós pensamos. Por enquanto eu estou dando um tempo nas milhares de tentativas de escrever alguma coisa publicável. Se “a ideia” aparecer eu iria agarra-la, mas até lá vou vivendo com meus sonhos e minhas admirações obsessivas por escritoras norte americanas com vidas completamente diferentes da minhas ou de qualquer criança cambojana que ainda não foi adotada por Angelina Joule ou Madonna.
Já te falei, trabalha como publicitário para pagar as contas e de escritor para se divertir!
ResponderExcluirQuero ler o "Cidade dos Lobos", você tem que voltar a escreve-lo!
É o meu sonho mesmo. Pior que escrever é realmente um trabalho, pelo menos se você deseja escrever um livro inteiro.
ResponderExcluirPor enquanto, eu to escrevendo só de madrugado, depois que chego do trabalho. Me obrigo a escrever todos os dias, senão a coisa não rola.
Cidade dos Lobos... nossa, eu estava lendo o rascunho original e como minha escrita mudou. Não sei se ele vai rolar algum dia... não sei! rsrs
Abraço!
Acredito que este seja o grande mérito da Stephenie Meyer. E talvez seja por isso que eu tenha me cobrado mais em relação a produção e qualidade do que produzo.
ResponderExcluirAinda não chegou o momento da minha escolha de Sofia entre jornalismo e publicidade. Entre ser escritora e ser mais uma peça no sistema.
Mas já sei de antemão que uma xícara grande de café,um caderno de folhas macias e uma lamy azul vão ser sempre motivo de satisfação.