sábado, novembro 28, 2009

Indecisão

Semana agitada, muito trabalho e pouco, pouquíssimo, tempo para qualquer outra coisa. O cansaço faz você esquecer de todo o resto que não está ligado ao trabalho. Isso é péssimo. Quando estou cansado não consigo me concentrar em nenhuma leitura. Só em três dias pulei de alguns contos de Virginia Woolf para um chick lit de Julia Powell, li alguns capítulos de Carrie, a Estranha de Stephen King e folheei O Morro dos Ventos Uivantes mas nada conseguiu me prender.

Se não quero me prender em uma leitura complicada que exija de mim muito comprometimento emocional, eu corro para um livrinho mais fácil. Algumas vezes dou sorte como, por exemplo, o achado que foi Garota Infernal, a adaptação do roteiro do filme com a Megan Fox, o livro é simples porém muito divertido e em poucas horas já tinha lido mais da metade dele terminando no outro dia. É aí que mora o perigo quando eu mergulho no mundo das historinhas simples, porém simpáticas: tudo termina muito rápido, leio esses livros de 200 páginas em dois dias e depois volto a encarar a minha coleção de livros procurando um que me sirva nessa roda gigante de qualidade e comodidade.

Nesse sábado quente, peguei novamente o Julie & Julia de Juile Powell. Comprei-o na Bienal e ele estava na minha lista há um bom tempo e como o filme está estreando nos cinemas esse final de semana (eu acho) vou ler primeiro o livro para depois ver o filme. Mesmo enquanto leio, sem maiores preocupações, o livro, não deixo de olhar os outros na minha estante e essa procura, esse descontentamento com os livros que eu tenho, acaba me deixando sem opções.

Quero ler alguma coisa nova e que seja interessante. Se alguém tiver alguma sugestão é só deixa-la nos comentários.

Abraços

quarta-feira, novembro 18, 2009

Clube da Leitura

São raras as vezes que eu consigo encontrar um grupo de pessoas que compartilham a mesma paixão por livros e pela literatura. É muito frustrante não poder expor o que eu penso ou o que eu acho sobre determinado livro, autor ou personagem. Muitas vezes quero falar com alguém sobre uma sensação que tive depois de deliciar-me com uma cena bem escrita mas poucas vezes encontro alguém para conversar.

Certos dias (e não são poucos) anseio por sentar-me com um amigo e conversar sobre meus devaneios literários, rir dos mesmos e falar sério, quando a seriedade mostrar-se necessária. Infortunadamente esses momentos são poucos, tenho somente um único amigo para conversar e nossos encontros são parcos.

Niterói é um caso perdido. A cidade simplesmente não tem a vivacidade, a energia boemia do Rio. De segunda a quinta, talvez até sexta, a cidade comporta-se como uma senhora de idade que vai dormir às 10h da noite e aí de quem ficar acordado fazendo barulho até mais tarde. No final de semana ela vira uma Patricinha que adora freqüentar barzinhos caros com suas amiginhas ricas e beber todas torcendo para esquecer no dia seguinte tudo que teve coragem de fazer durante os momentos de escuridão. Encontrar um lugar em Niterói para debater, conversar, trocar idéias sobre qualquer coisa é tarefa complicada.

O Rio, ao contrário, é muito mais multifacetado. Ele pode ser tanto a senhora de idade quanto a Patricinha mas também tem espaço para interpretar aquele grupo de amigos que gosta de se reunir todas as noites de terça-feira só para executar a difícil arte de sentar, rir e conversar sobre as banalidades mais importantes do mundo.

Gosto muito de Niterói, cidade qual sempre vivi. Mas não sou uma senhora de idade nem uma Patricinha.

Para curar, ou melhor, atenuar a minha dependência de atividades pensantes participei, ontem, do meu primeiro Clube de Leitura que aconteceu no sebo Baratos da Ribeiro em Copacabana. Lógico que a vergonha e a timidez não me deixaram levantar e ler algum texto. Muito menos um meu.

Só de me imaginar, em pé, na frente de dez pessoas com todas olhando pra mim e ouvindo a minha voz enquanto eu leio uma texto que querendo ou não expõe uma parte, uma fração, de mim, já me dá arrepios na espinha.

Mesmo não participando ativamente do clube gostei muito da experiência. O local é ótimo para esse tipo de atividade: pequeno, apertado, porém aconchegante, com aquele cheiro de histórias, vidas passadas que todo livro usado possui. O amarelado da madeira das estantes e das páginas dos livros criam um ambiente monocromático que só é quebrado pelas diversas cores das lombadas dos livros. Você se sente mergulhado em um mar cheio de peixes, onde cada peixe tem um mundo para mostrar e uma história a contar. As pessoas são ingredientes tão importante quantos os livros e o sebo em si. Todas estavam reunidas para banhar-se e declarar sua paixão pela literatura. Podia ver os sorrisos acrescentando novas fisionomias nos rostos de todos os participantes. Cada um esboçava uma reação, um janela ínfima para o mundo pessoal da imaginação onde as pessoas mostram-se por completo sem medos nem máscaras, enquanto os contos eram lidos. Passamos a noite mergulhados em história fantásticas, com tempero de horror e de ficção cientifica.

Saí saciado do encontro. Mas já posso sentir o bicho da fome dentro de mim e prevejo novas incursões ao mar de livros.

sábado, novembro 07, 2009

O Feliz e o Tolo

Poucos dias atrás, aproveitei alguns poucos minutos da tranqüilidade que tive na minha faculdade enquanto esperava pelo inicio da minha próxima aula e não tardei a observar as pessoas que dividiam a cantina comigo.

Quando cheguei, tudo estava muito quieto, com poucas pessoas sentadas sozinhas estudando ou só desfrutando de uma garrafa de água nesse calor infernal que esta abatendo o Rio essa semana. Com a quietude, decidi revisar alguns textos e peguei o meu caderno para escrever um pouco.

Em poucos minutos três páginas já estavam preenchidas com tudo que tinha na minha mente, deixei meus pensamentos controlarem minha mão e ela correu pelas linhas azuis das páginas. Escrevi tudo.

Felizmente, terminei minha confissão antes de um grande grupo de alunos entrar na lanchonete. Todos estavam muitos animados e faladores. Eram novos, tanto na vida quanto na faculdade. Podia afirmar isso pela felicidade e energia que esbanjavam, eu não era diferentes quatro anos atrás. Como estava com vontade de parar um pouco a correnteza de pensamentos dentro da minha cabeça, comecei a observá-los discretamente.

E como eram felizes. Riam altos. Falavam todos ao mesmo tempo. Gargalhavam.

Para minha surpresa, um grande incômodo me cortou como uma faca. Pude sentir o gosto da amargura da minha alma em toda a minha boca. Toda a felicidade estrondosa, escandalosa deixava-me irritado e triste.

Nesse momento, só pude pensar em uma coisa, uma simples pergunta: “Como poderiam ser tão felizes?”

Pensei durante alguns minutos e percebi que o tempo tinha me transformado. Claro que não sem a minha ajuda. Esse mal humano, essa tristeza que te segue como uma sombra, é a minha companheira há muito tempo. Mais tempo do que necessário, atrevo-me a dizer. O grupo de amigos nada mais era do que um espelho do meu passado. Meu passado quando eu era mais leve, quando não era estressado e quando sonhar não exigia e custava tanto de mim. Agora tudo é complicado, é controlado, medido. Pensado e repensado. Tornei-me uma pessoa contemplativa e toda contemplação é acompanhado pela tristeza. E tristeza é como uma droga, te inebria, vicia e depois mata.

Sempre pensei que agia como um tolo quando mais jovem. Agora eu sei: eu era feliz e toda felicidade dar-nos o direito de sermos tolos.

Abraços

domingo, novembro 01, 2009

Vida de um (quase) escritor

Mais de dez dias sem postar nada aqui. Vergonhoso.

Eu tenho uma boa justificativa para a minha falta.

Essa semana eu me foquei completamente no livro que estou escrevendo. Revisei todo o texto, desde o começo, apaguei várias cenas e acrescentei muitas outras, fiz muita pesquisa sobre a história da cidade onde a história se passa e também cai de cabeça no mundo dos lobos, que serão os personagens principais da trama. Fiz tudo que tinha direito, aproveitei a inspiração, mais que bem vinda, e escrevi que nem um louco. Nem sair para almoçar eu saía, só para escrever mais.

Todo o processo me tomou tempo e paciência. Reler tudo que você já tinha lido antes mais de cinco vezes é complicado. Exaustivo, mas, no final, recompensador. Gostei do resultado final, atingi meus objetivos que eram: engrossar mais a história, dar mais conteúdo para os personagens e fazer tudo o mais realista possível. Também tive que prestar muita atenção aos eventuais erros de continuidade que já estavam me incomodando. Depois de todo esse trabalho, posso continuar com a história sem maiores preocupações. O problema é continuar.

O único efeito colateral que me vitimou foi a completa falta de vontade de escrever mais qualquer coisa sobre a história. Desde quinta-feira eu não escrevi nada de novo no livro. Tenho toda a próxima cena, que deverá ser a mais importante da história até agora, pronta na minha cabeça, mas nem um esboço simples eu fiz. Vamos ver se eu consigo escrever alguma coisa hoje. Dia chuvoso é sempre inspirador.

Lendo agora: Alma e Sangue: O Despertar do Vampiro. Livro nacional muito bom. Voltei a minha fase vampírica. Anne Rice é a próxima.

Abraços