sábado, novembro 07, 2009

O Feliz e o Tolo

Poucos dias atrás, aproveitei alguns poucos minutos da tranqüilidade que tive na minha faculdade enquanto esperava pelo inicio da minha próxima aula e não tardei a observar as pessoas que dividiam a cantina comigo.

Quando cheguei, tudo estava muito quieto, com poucas pessoas sentadas sozinhas estudando ou só desfrutando de uma garrafa de água nesse calor infernal que esta abatendo o Rio essa semana. Com a quietude, decidi revisar alguns textos e peguei o meu caderno para escrever um pouco.

Em poucos minutos três páginas já estavam preenchidas com tudo que tinha na minha mente, deixei meus pensamentos controlarem minha mão e ela correu pelas linhas azuis das páginas. Escrevi tudo.

Felizmente, terminei minha confissão antes de um grande grupo de alunos entrar na lanchonete. Todos estavam muitos animados e faladores. Eram novos, tanto na vida quanto na faculdade. Podia afirmar isso pela felicidade e energia que esbanjavam, eu não era diferentes quatro anos atrás. Como estava com vontade de parar um pouco a correnteza de pensamentos dentro da minha cabeça, comecei a observá-los discretamente.

E como eram felizes. Riam altos. Falavam todos ao mesmo tempo. Gargalhavam.

Para minha surpresa, um grande incômodo me cortou como uma faca. Pude sentir o gosto da amargura da minha alma em toda a minha boca. Toda a felicidade estrondosa, escandalosa deixava-me irritado e triste.

Nesse momento, só pude pensar em uma coisa, uma simples pergunta: “Como poderiam ser tão felizes?”

Pensei durante alguns minutos e percebi que o tempo tinha me transformado. Claro que não sem a minha ajuda. Esse mal humano, essa tristeza que te segue como uma sombra, é a minha companheira há muito tempo. Mais tempo do que necessário, atrevo-me a dizer. O grupo de amigos nada mais era do que um espelho do meu passado. Meu passado quando eu era mais leve, quando não era estressado e quando sonhar não exigia e custava tanto de mim. Agora tudo é complicado, é controlado, medido. Pensado e repensado. Tornei-me uma pessoa contemplativa e toda contemplação é acompanhado pela tristeza. E tristeza é como uma droga, te inebria, vicia e depois mata.

Sempre pensei que agia como um tolo quando mais jovem. Agora eu sei: eu era feliz e toda felicidade dar-nos o direito de sermos tolos.

Abraços

Um comentário:

  1. Me manterei presente enquanto for possível!
    Parabéns...

    Quando tiver uma palinha do livro, me passe, ok?

    Grande abraço!

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