Assisti, mais uma vez, o filme Sex and the City e enquanto Carrie Bradshaw digitava palavras sem sentido em seu belo iMac, fui tomado por uma vontade de escrever ou simplesmente digitar palavras sem sentido no meu humilde PC, que está longe de ser um iMac de ultima geração, tão fino quanto a palavra slim pode ser. É claro que a minha imagem ao digitar palavras desconexas no computador é completamente diferente dos delírios glamourosos envolvendo Sarah Jessica Parker, digitando com suas perfeitas unhas douradas em um apartamento em Manhattan enquanto bebe um pouco de café e traga seu Malboro Light.
Enfim...
Sem ter o que escrever realmente, eu pensei nos milhares de outros blogs que existem no mundo. Eu nunca realmente me importei com esse papo de blogosfera e todos os termos cibernéticos e modernos ligados a ela. Blogs continuavam blogs, páginas simples onde as pessoas escrevem sobre suas vidas simples - ou não tão simples assim.
Mas, após uma rápida pesquisa sobre os melhores blogs do mundo, me deparei com uma lista dos 50 melhores blogs indicados pelos blogueiros mais conhecidos do país, todos dispostos em um complexo organograma que me fez desistir de qualquer investigação posterior. Mas, uma coisa que percebi foi a quantidade de assuntos que os tais 50+ tratam. Carros, ciências políticas de vilarejos comunistas no sul da Rússia, celebridades, carros, esculturas de gelo, e diversos outros assuntos em todas as áreas passíveis de interesse humano. E nenhum deles, na lista de 50+, tratava de um blog sobre a vida simples - ou não tão simples assim - de qualquer ser humano no planeta.
Isso foi surpreendente. Realmente surpreendente. Mesmo sendo uma pessoa com uma vida relativamente ativa na blogosfera (exite nome pior?), escrevo em blogs desde o ensino médio, eu fiquei realmente surpreso ao perceber, com um certo pesar, e pela primeira vez, que os blogs são coisas maiores. Pior: coisas profissionais algumas vezes.
Não posso negar como me senti datado ao perceber que os meus pensamentos sobre uma grande rede de pessoas solitárias escrevendo piadas espirituosas, ou mesmo péssimas, sobre as crônicas de suas vidas, ficou desgastada. Pessoas e suas vidas foram lentamente substituídas pela informação. Informação de uma forma realmente genérica e generalizada.
Mas a completa perda de encanto de certos blogs não me interessa realmente. Eu continuo a favor da velha forma de “diário virtual” dos blogs. Pessoas simples e suas vidas – às vezes, não tão simples – são mais interessantes do que tratamento e procriação de crustáceos radioativos na costa leste do Japão. Sem as pessoas esses crustáceos não existiriam ou não seriam tratados, então seria ótimo se essas pessoas escrevessem suas opiniões sobre seus dias com as lagostas mutantes.
Pessoas são interessantes e suas vidas são interessantes.
E dane-se se estou desatualizado ou se o zeitgeist já foi descoberto e codificado em números para alguma conta cibernética.
“E assim, mais tarde, uma minúscula linha foi jogada no infinito mar do ciberespaço, a mais leve das iscas na mais escura das águas.” - Julie Powell
Simples – ou não tão simples assim.
Ola Guilherme
ResponderExcluirQue bom que tal e qual Carrie, voce voltou a escrever no seu diario( mesmo que seja virtual) e espero que continue. por que como voce, tb nao me interesso por blogs profissionais, apesar de que alguns de moda eu sempre dou uma olhada bem boa, cheio de fotos e sem palavras- sao bons.
A blogosfera( estranho mesmo o nome) é cheia de tudo. É como a vida, diversa. Mediocre, inteligente, bacana, banal, genial, de tudo mesmo. Mas estamos ai, nessa caminhada que é a vida nada virtual. E com o desejo de registra-la em algum papel ou numa tela de computador. Ta valendo o registro.
Bjos e continue com seu blog que é tao bom de ler.
Cam